domingo, 29 de janeiro de 2012

Os Descendentes

 





A Viagem de Clooney

Alexander Payne filma a faceta mais genuína da América através das personagens dos seus filmes em busca do auto-conhecimento que as levará a um ponto sem retorno. Foi assim em «About Schmidt» [2002] e em «Sideways» [2004] e é assim em «Os Descendentes» [2011] com o advogado Matt King [um George Clooney humilde e fantástico] na recuperação do que lhe resta da família e na raiva que o amor também proporciona sem o negar. Com este filme, Payne demonstra ainda que a vida não é uma comédia mas o riso é um escape do ser humano para os dramas que esta lhe proporciona. E na raiva que sente, emocionado Clooney despede-se da mulher com um «meu amor, minha vida, minha dor» que descreve na perfeição o quanto sofre e ama. Filme a não perder, história de vida a reter.

«The Descendants», de Alexander Payne, com George Clooney



 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Moratória


[Auto-retrato, Lucian Freud]



 

Um conhecido vosso com o qual eu próprio vou mantendo uma amizade umas vezes próxima outras nem tanto, faz hoje anos. Resignado com a dívida que tem com o tempo voraz e implacável, vai pedindo moratórias.



quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A pergunta


M., dez anos de idade, um sorriso feliz desenhado num rosto de menina. Olhara-me atentamente, fixara o seu olhar em mim, investigou para lá do que via e fez a pergunta incómoda: ‘já alguma vez mentiste?’ Lembro-me de ficar sem pinga de sangue, de hesitar. Mas não, se já alguma vez mentira não era aquela a altura para repetir o meu constrangedor delito. Respondi-lhe com o meu melhor sorriso em tão difíceis circunstâncias. ‘Já, já menti.’ Ela não acreditou em mim e riu-se com vontade tendo voltado para o seu mundo povoado de inocência. Percebi então que lhe dissera a verdade parecendo que mentia. Ainda hoje me sinto mal por isso.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

É tudo política, pá!




Foda-se, diriam vocês, e eu reservo-me ao direito de concordar convosco. Cinema é vida, é emoção, é sentimento. E escrever sobre cinema é colocar no Word, numa folha de papel ou em meras palavras faladas toda a nossa individualidade, a infância terrível que tivemos, a adolescência insana ou outra merda qualquer que fez de nós aquilo que somos e como pensamos e sentimos. Agora, escrever sobre cinema contando erros, descontando um pontinho aqui e outro ali porque de facto o livro não diz nada do que o realizador projectou, porque o copo era azul e passou a branco, fazendo crítica aplicando uma mal amanhada fórmula ou método científico, ou objectividade matemática ou outra porra qualquer, isso não. Se não tiverem mais nada para fazer façam como eu e vão ver o Tom Cruise a combater numa Guerra Fria requentada algures no Dubai, em «Missão Impossível: Operação Fantasma». E se tiverem sorte, como eu tive, recuperarão forças num sono retemperador enquanto Tom Cruise aos cinquenta anos escala arranha-céus como se tivesse acabado de fazer vinte num planeta qualquer onde os humanos têm poderes especiais.






[Cartaz do filme «Missão Impossível: Operação Fantasma»]





Votos para 2012



Em 2011 pouco ou nada do que eu esperava viesse a acontecer aconteceu de facto. E esses são os meus votos para 2012: que pouco ou nada do que eu perspectivo aconteça realmente.