terça-feira, 21 de junho de 2011

A filha da fortuna






Olhei para a rua iluminada pelos quentes raios de Sol do primeiro dia de Verão e surpreendeu-me o bairro humilde de Lisboa. A casa onde toquei a campainha do primeiro andar era num edifício de um bloco de apartamentos pouco condizente com a sua fama e condição económica, suponho. Era esperado e não estranhei que não perguntassem quem tocava quando ouvi o zunir da fechadura de abertura automática da porta da rua. Ao deparar com a mulher que escreveu em jornais e vendeu já milhares de livros, quase me esquecia de a cumprimentar. Durante mais de duas horas conversámos muito. Sobre nada mas sobretudo de livros. E de cinema, claro. Ainda me recordo do seu olhar a perscrutar-me do alto do seu metro e sessenta e muitos e da sabedoria de uma vida de mais de setenta anos certamente bem vividos. «Que idade tem?», perguntou-me. Disse-lhe a minha idade que ela repetiu parecendo questionar a veracidade da minha resposta. Joguei à defesa: «depreendo parecer mais velho aos seus olhos!?» «Não, nada disso…», sorriu. «…é que é pela sua idade quando a vida começa realmente». Foi a minha vez de sorrir, aquela mulher tinha de facto muitas histórias da vida dentro de si. Por mim ter-me-ia deixado ficar por lá a conversar sem tempo nem hora. Mas como não levara a escova de dentes e o pijama, voltei. E aqui estou eu a recomeçar este blogue exactamente no sítio onde o tinha deixado ficar em ponto morto.




5 comentários:

redonda disse...

E com um grande recomeço!



beijinho

Gábi

JL disse...

Sempre assídua e simpática. :)

Beijinho, Gábi.

Rubi disse...

Bons ventos te trazem!

JL disse...

Obrigado, Rubi. :)

Beijoca.

Anónimo disse...

Falas de Isabel Allende ?
O primeiro livro que li dela foi Eva Luna, gostei muito !
Casa do Espiritos e outros... Gosto muito dela:)

Deve ser uma pessoa fantástica!
Que previlégio o teu:)

Beijinhos :)