quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Seis Sessões

 
 
 

 

Virgem aos 38

 

Mark O’Brien [John Hawkes] tem 38 anos de idade e o sonho de se completar como homem. Tendo contraído Poliomielite em criança, Mark está paralisado do pescoço para baixo e vive muito dos seus dias dentro de um pulmão mecânico. No entanto, como qualquer homem Mark tem necessidades sexuais e é capaz de manter relações. Para isso, Mark contrata uma terapeuta sexual [Helen Hunt] que o vai ajudar a libertar-se da ansiedade que o afecta e levar a perder a virgindade.

Dir-se-ia que «Seis Sessões» tem uma premissa difícil. Mas aquilo que observamos, num mundo cada vez mais à deriva, é a prova absoluta de que há esperança para o ser humano. Sem cair em moralismos patéticos nem na habitual autocomiseração, o filme de Ben Lewin transforma-se num legado sobre como ser positivista perante a tragédia humana, com sentido de humor e emoção, muita emoção. O que só demonstra a enorme sensibilidade da realização para lidar com uma temática nada fácil à partida.

Ao dizer isto não nego o drama que se vive em «Seis Sessões». Ele existe, como o provam as lágrimas dos protagonistas e as que muitos dos espectadores não negarão testemunhando a emotividade de uma história a todos os títulos admirável e onde o sexo, personagem central da trama, é também ele tratado com uma dignidade só possível para quem o entende da forma mais correcta. Ele, o sexo, é um instrumento de prazer mas é igualmente a essência do amor e um meio essencial para o equilíbrio psicológico dos homens e das mulheres.

Lamenta-se o final óbvio e fácil do filme, mas tudo é perdoado a esta obra onde Helen Hunt surge novamente como uma das maiores actrizes do cinema contemporâneo, sendo, ainda, e quase a completar cinquenta anos de idade, uma mulher de uma irresistível sensualidade num corpo perfeito. Espantosa Helen Hunt, actriz e mulher, como espantosa é a interpretação de John Hawkes - como Mark O’Brien – e de William H. Macy, como padre, confessor e amigo numa das melhores composições que vi fazer a este actor que já leva tantos anos de carreira e uma infindável lista de participações mais ou menos secundárias em títulos relevantes de filmes.

Por tudo isto, «Seis Sessões» dispensa os tão falados prémios da Academia. Mas reclama ser visto. E vendo-o quem fica a ganhar somos todos nós. Nós os espectadores de cinema, mas sobretudo nós os seres humanos habitantes deste mundo onde a humanidade parece cada vez mais confusa nos seus valores e naquilo que realmente importa para a vida. Atrevam-se.

 

«Six Sessions», de Ben Lewin, com John Hawks, Helen Hunt e William H. Macy

2 comentários:

redonda disse...

Fui ver este filme, finalmente. Gostei.
um beijinho e bom fim-de-semana
Gábi

JL disse...

Beijinho e bom fim de semana, Gábi. E obrigado pela tua visita. Pode-se contar contigo, nunca falhas. :)