domingo, 20 de março de 2011

Os Agentes do Destino





Por amor de uma mulher

Há uma vertente do cinema que visa quase exclusivamente o entretenimento do espectador, tornando os filmes em mera diversão. Infelizmente, os grandes estúdios têm inundado as salas com propostas perfeitamente ridículas que chegam a atentar a inteligência das pessoas. O cinema tornou-se uma indústria que na maioria das vezes faz tábua rasa da sua condição de arte, a 7ª. Ainda assim, por vezes chegam até nós filmes despretensiosos que para além de funcionarem como bom entretenimento conseguem ir muito para além disso. Ao visioná-los, o espectador diverte-se, emociona-se, sonha e pensa. E é isso mesmo aquilo que George Nolfi conseguiu ao adaptar para filme o conto «Adjustment Team», escrito por Philip K. Dick. «Os Agentes do Destino» é um thriller romântico de ficção científica que agrada bastante pese toda a carga de simbolismo religioso um tanto ou quanto desfasado dos nossos dias.
Antes de ir à trama, diga-se que Philip K. Dick escreveu, entre outras obras suas adaptadas ao cinema, esse memorável «Blade Runner» [Ridley Scott, 1982] e «Relatório Minoritário» [Steven Spielberg, 2002]. Quanto à história deste «Os Agentes do Destino», David [Matt Damon] é um jovem político de sucesso pese ter publicamente associada a si a imagem de um homem inconstante. Já Elise [fantástica e linda Emily Blunt] é uma bailarina simpática, de personalidade de uma leveza encantadora e mulher delicada que conhece David precisamente no dia em que este perde as eleições para o Senado. Para quem não acredita no amor à primeira vista, tem em «The Adjustment Bureau», no seu título original, a prova de que o clique imediato é bem possível. Ficamos também com a certeza, caso tivéssemos dúvidas a respeito, que o livre arbítrio não é uma benesse que cai dos céus mas sim um direito a ser exercido pelos homens e mulheres. Isto porque estava escrito que David e Elise não poderiam ficar juntos, mas o par amoroso não está pelos ajustes e vai lutar pelo seu amor.
Apesar da fragilidade do argumento - que ainda assim possui uma atmosfera de intemporalidade - e, provavelmente, de uma linguagem cinematográfica demasiadamente próxima dos códigos televisivos, o filme é aquilo que já se disse – emociona, faz sonhar e diverte – e possui como extras as interpretações de Matt Damon e Emily Blunt, ele bastante profissional num projecto não muito arrojado e ela numa actuação a dar para o celestial; eu, pelo menos, assim achei. Por outro lado, há toda uma equipa de secundários de luxo liderada por Anthony Mackie [«Estado de Guerra»], John Slattery [«Homem de Ferro 2»] e Terence Stamp [«Valquíria»]. E quando assim é, que mais se pode exigir de um filme que pelo seu lado apenas nos solicita simpatia e boa disposição?



[O bónus de «Os Agentes do Destino»: a lindíssima Emily Blunt como Elise]





«The Adjustment Bureau», de George Nolfi, com Matt Damon e Emily Blunt



2 comentários:

redonda disse...

Será que tem um final feliz?
Quando tinha 11, 12 anos adorava FC e li obras de vários autores da colecção Argonauta, depois da Europa-América de FC, e entre estes os de Philip K. Dick. Talvez também tenha lido este, embora para já, não me lembre...

JL disse...

Se te disser revelo-te o final do filme, Dona Redonda. Mas uma coisa posso aconselhar-te, vai ver. Quem sabe o amor triunfa sobre o destino? :)