sábado, 23 de julho de 2011

Rumo à Liberdade




À conquista da vida

Num campo de refugiados na Sibéria, 1941, vivem-se os horrores da guerra e o resultado da carnificina operada pelo jugo estalinista. Um grupo de homens liderado pelo polaco Janusz [Jim Sturgess] e pelo americano Smith [Ed Harris] com o russo Valka [Colin Farrell] pelo meio, decide fugir e encetar um penoso caminho rumo à liberdade. O objectivo é chegar a Índia mas para isso terão que enfrentar a fome, o frio e o calor tórrido do deserto. As tempestades de gelo na rigorosa Sibéria, o deserto de Gobi e as cordilheiras dos Himalaias são apenas parte dos obstáculos que terão que ultrapassar.
Diga-se que a credibilidade da história que este filme traz até nós só é possível por esta se ter baseado numa história verídica contida nas memórias do polaco Slavomir Rawicz, um livro que entre nós recebeu o título de «A Longa Caminhada». Realizado por Peter Weir, que volta a filmar a grandiosidade dos espaços abertos enquadrando o homem na sua pequenez perante a natureza implacável, o filme mostra isso mesmo: uma história quase inacreditável de sobrevivência onde a força do espírito e da coragem humanos desafia os seus próprios limites.
A realização de Weir apenas espaçadamente recorre à emoção com o objectivo de não colocar minimamente em causa a factualidade dos acontecimentos e raramente apela às transições como forma de prender o espectador à tela. Mas na dolorosa agonia destes homens que pelo caminho tentam socorrer a bonita e jovem Irena [Saoirse Ronan], há uma história de heróis e um enorme hino à vida. Para eles não há sequer estradas sem fim, apenas florestas perdidas e extensões ora geladas ora áridas. E para parte do grupo o que irá restar é somente uma viagem ao fim das suas vidas, uma passagem lancinante para o outro lado do espelho. Mas nesta unidade destruída de um grupo de heróis, felizmente que alguns sobreviveram possibilitando dar a conhecer ao mundo o seu inigualável feito. E o filme de Weir respeita essa grandeza pungente. E para quem tivesse dúvidas, fica exposto mais um claro exemplo de que Estaline não foi mais que um outro Hitler que de diferente do original apenas tinha a cobarde falsidade da sua propaganda política.

«The Way Back», de Peter Weir, com Jim Sturgess, Colin Farrell, Ed Harris e Saoirse Ronan

2 comentários:

ADEK disse...

Jim Sturgess. Uma das minhas [mil] paixões platónicas...

JL disse...

És uma romântica incurável, Ana. :)