sexta-feira, 15 de julho de 2011

Crónica de uma morte anunciada




Por vezes olho para um nome – que pode ser de uma rua, de um filme, de um livro – e não só não entendo a ligação como até acho algo descabida a suposta associação. Por exemplo, cá por Lisboa temos um Palácio das Necessidades, um hospital no Rego e um Cemitério dos Prazeres, entre muitos outros exemplos possíveis. Mas em contraponto há aqueles nomes ou títulos que de tão apropriados, poéticos ou sugestivos nos fazem pensar, que nos dizem muito. E a este propósito lembro-me que no Porto há um cemitério a que admiravelmente baptizaram de Prado do Repouso e que na literatura há inúmeros exemplos a citar como o do livro do escritor açoriano João de Melo, «Gente Feliz com Lágrimas». Mas aquele que mais me ocupa a mente neste momento tem muito a ver com um olhar que suponho não seja apenas meu sobre um sistema social e político – o actual, aquele que temos - que decididamente parece já não servir o propósito para que foi criado, ou seja, ajudar as pessoas, servir-nos de suporte enquanto cidadãos. E de imediato me recordo do livro de Gabriel García Márquez, «Crónica de uma Morte Anunciada».

2 comentários:

Rubi disse...

Realmente Cemitério dos Prazeres, nunca tinha pensado nisso. Muito mau. 'Post' muito apropriado! Beijos

Anfitrite disse...

Postal sentido. Assim como fazem sentido e sentir todos os livros de GGM. E a propósito do "Gente Feliz com Lágrimas", lembro-lhe que saíu agora uma colectânia de outro açoriano-Onésimo Teotónio Almeida- chamada "Português Sem Filtro" ontem está parte dum livro "Sapa(teia) Açoreana", que aborda o mesmo dilema, e também nos faz rir e chorar, sobretudo a quem já teve a hipótese de por lá
passar e ver com olhos sentidos, o que sofreram aqueles que durante muito tempo equilibraram a nossa "Balança de Pagamentos". Agora já não temos equilíbrio possível, porque com os bolsos tão vazios, qualquer nortada nos projecta contra a parede.