domingo, 9 de janeiro de 2011

O Preço da Traição


 



O dinheiro não paga o amor

Catherine [Julianne Moore], ginecologista, mãe, esposa, desconfia que o seu marido, David [Liam Neeson], professor de profissão, a engana com qualquer jovem que se atravessa no seu caminho. Para obter provas irrefutáveis da infidelidade de David, Catherinne contrata Chloe [Amanda Seyfried], uma jovem prostituta de luxo, a quem incube de seduzir o marido. «Chloe», título original do filme do egípcio Atom Egoyan, é o ‘remake’ do francês «Nathalie X» [2003], dirigido por Anne Fontaine.
Num filme com estas premissas, supõe-se desde logo que três elementos se tornem fundamentais e adensem uma narrativa que visa prender o espectador não apenas pela razão mas sobretudo pela emoção: a suspeita, os jogos de sedução e o engano. Nada mau, diria, mas o que, de facto, Egoyan acaba por não conseguir confirmar por inteiro transformando o que deveria ser um ‘thriller’ erótico num drama psicológico. E pese a génese desta história residir na insegurança de uma mulher ao ver aparecerem-lhe na pele as primeiras rugas, o que de melhor o filme oferece acaba por ser o duelo de sedução entre essa mesma mulher [Moore], belíssima, de cinquenta anos, que mantém intactos todos os seus atributos físicos e a beleza voluptuosa de uma outra mulher [Seyfried] no auge da sua juventude e na posse de todos aqueles predicados físicos que enlouquecem os homens. E algumas mulheres.
Assim, «O Preço da Traição» acaba por ser um filme agradável, que se vai apurando em lume brando e se saboreia com menos gosto que aquilo que os olhos prometem. Ainda assim, fica mais uma vez a certeza de que o mundo – e o ser humano – vive à beira de um ataque de nervos, ou, como o filme demonstra, vivemos numa época em que cada vez é mais difícil confiar na sanidade mental de muitos daqueles que nos rodeiam.

«O Preço da Traição», de Atom Egoyan, com Julliane Moore, Liam Neeson e Amanda Seyfried

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