segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A avó de alguém

[Imagem retirada da Internet]






O meu carro não estranha, percorre veloz o alcatrão da A1. Direcção sul, paro na área de serviço de Pombal, entro no restaurante. Assim que me encontro no interior do estabelecimento vejo uma senhora a olhar fixamente para mim. Vestes austeras, rosto sofrido, cabelos brancos bem cuidados, olhos cansados a lembrarem uma juventude perdida. Tem certamente mais de oitenta anos de idade, dirige-se para o local onde me encontro. E fala-me. Pedro, Pedro, por onde tens andado, filho? E lança-me o braço apertando com a sua a minha mão. Não, é confusão sua, eu não sou o Pedro, respondo-lhe. Ela retrai-se, dá um passo atrás, contempla-me dos pés à cabeça. Não és o Pedro?, balbucia entristecida. Não, tenho pena pelo seu engano, não sou o Pedro. Tento ser carinhoso, ela insiste. Não és o Pedro? E sabes onde o Pedro está?  Não tenho tempo de lhe responder, uma outra senhora, talvez uma irmã, talvez uma simples amiga, pede-me desculpa e sugere à senhora que partam. Fiquei a olhá-las e ao autocarro onde entraram até que este desapareceu ao longe na faixa negra da auto-estrada. Talvez a senhora fosse finalmente ao encontro do Pedro que tanto ansiava encontrar.

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