segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Trechos da minha vida militar – Capítulo Segundo



Fiz a recruta em Lisboa. À chegada ao quartel, no meu primeiro dia de tropa fui mal recebido por um mal-encarado tenente com ar de que todos lhe devem e ninguém lhe paga. Depressa percebi que gostava de cinema musculado e se julgava militar das SS nazis. Berrou-me e estranhei que o fizesse em português e não em alemão como seria natural. Soldado, deite-se, está cercado. Desconfiado olhei o tipo de soslaio e não mexi um músculo do corpo. O outro continuava a bramir. Como estava a chover pensei que era a isso que a ave rara se referia: estava cercado pela chuva. Como esta ameaçava não parar, fiz conversa e perguntei ao senhor tenente se sabia quanto tempo ia durar o clima invernoso. Parecendo não ter gostado da pergunta o oficial ajoelhou-se e começou aos tiros para o ar. Ajoelhei-me a seu lado e fingi disparar também. Atirei até à última munição.




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