quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A mulher

[Rachel Weisz, uma mulher]


Gosto de escrever. A escrita permite que moldemos o mundo sob o nosso ponto de vista e dêmos à vida os contornos que muito bem nos aprouver. Neste âmbito, sempre tive uma ideia romântica da mulher e embora no decurso da vida sejamos assaltados por pensamentos parasitas e ensaiemos alguns passos de dança com corpos estranhos a esse ideal, o perfil dessa mulher – que não está vedado a pequenas variações – está criado, existe.

O rosto dessa mulher é desenhado a traços muito femininos, bem definidos, e deixa escapar uma áurea nostálgica que permite adivinhar a preferência por um sorriso franco que transmite um sentimento em detrimento de uma gargalhada forte que surge apenas como resultado de um reflexo. Dos seus olhos, castanhos, ressalta um delicioso colorido de avelã. Os cabelos, também eles castanhos, a voz, um tom de voz suave que altera apenas de quando em vez para se poder fazer compreender nos momentos em que o ruído dominante a isso obriga. Os olhos brilhantes, sim, os seus olhos castanhos brilhantes, exprimem para o mundo exterior as emoções que procura reter interiormente. Mas procura escondê-los amiúde,  deixando fugir o olhar até o deter em locais vagos e incertos. Tem um corpo lindo, perfeito, é uma mulher elegante. E sofisticada sem que procure trabalhar este pormenor. Mas não necessita fazê-lo, a sofisticação é-lhe inata e emprega-a com toda a naturalidade do mundo. Gosta de se manter em forma, adora um bom livro e é fã de cinema. É de uma delicadeza suave e é encantador o carinho com que interage com os outros. Isto, embora seja directa mesmo que evite ferir a quem se dirige. Pese tudo o que se disse, tem dificuldade em expor mais de si do que aquilo que dá a perceber involuntariamente.

Talvez esta mulher não exista. Ou talvez exista apenas no mundo que a escrita molda. Mas é esta a mulher.





2 comentários:

Maria disse...

és tão bonito no sonho. :)

Rubi disse...

Acho que existe sim :)