segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Trechos da minha vida militar – Capítulo Terceiro







A minha semana de campo, na recruta, foi passada na Serra da Carregueira. Pelas árvores peladas percebia-se um Outono cerrado e o vento murmurava canções de embalar. Embalados também nós com dezenas de quilos de material bélico às costas, assentámos arraiais numa encosta virada para nenhures. Certamente que para me incentivar alguém me segredou que em exercícios anteriores um militar como nós tinha batido a bota num obtuso acidente com uma granada. Um descuido tinha feito explodir o artefacto junto à cara do pobre rapaz e a sua cabeça esmigalhada acabara transportada para a morgue no interior de um capacete. Tinha acabado de acontecer já que o acaso se dera sete anos atrás.



Nessa noite trovejou e choveu a cântaros e eu e mais dois dormimos numa tenda apenas com um cobertor a cobrir-nos e a água a escorrer-nos pelo corpo desde as fardas ensopadas. Estava agradável mas dormi apenas duas horas. Atribuí o facto à emoção do momento.







Sem comentários: