domingo, 31 de outubro de 2010

Cinema choque





Cinema Choque





O melhor do cinema europeu sempre esteve, e estará, na forma como intervém na sociedade sem no entanto, no meu entender, poder ser redutora e objectivamente apelidado de um cinema de causas. Não raras são as vezes em que um cinema com estes sintomas de subversão da realidade e dramatização quase caricatural dos factos no propósito de deixar aos outros margem para escolha de uma verdade, se torna de tal modo exigente que o que julgamos ver está muito longe daquilo que nos é dado ver.



Em «O Juiz e o Assassino» (1976) um desaire amoroso vai fazer de um antigo sargento de infantaria um ser perdido, de mentalidade simplória, que vagabundeia entre aldeias violando pastores e pastoras. Será julgado e condenado e o próprio Juiz que lhe dita a sentença irá sodomizar a sua companheira. Claro que o realizador francês Bernand Tavernier seguiu de perto um caso verídico ocorrido nos finais do Séc. XIX. Mas executa de tal forma uma manipulação de dados à sua maneira que é notório o seu menor interesse nos factos em si em detrimento da matéria que gerará a discussão. E mesmo que esta matéria choque os espíritos mais sensíveis é imperioso que os pensadores das imagens continuem a executar o seu trabalho

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