domingo, 31 de outubro de 2010

Ed Wood, 1924 - 1978

Num momento em que aqui mesmo ao lado, na barra lateral do blogue, está a decorrer uma sondagem – limitada a alguns nomes, é certo – para a escolha do melhor realizador da história do cinema, talvez faça sentido inverter as coisas e dar-vos a conhecer um texto que em tempos escrevi para uma revista de cinema sobre aquele que foi considerado o pior realizador da história do cinema. Apesar disso, Ed Wood pertence por direito próprio à galeria das grandes figuras da história da 7ª arte. Até porque, tal como refere o texto, nunca abandonou o seu sonho: o cinema.



Considerado dois anos após a sua morte como o pior realizador da história do cinema, Ed Wood é hoje uma lenda e motivo de culto para cinéfilos de todo o mundo



Edward D. Wood, Jr. nasceu a 10 de Outubro de 1924 numa pequena localidade do Estado de Nova Yorque. Manifestando desde muito cedo uma extraordinária paixão pelo cinema, sendo primeiro um adepto dos western e posteriormente fanático pela obra de Orson Welles, a quem desejava repetir o sucesso, Ed Wood viria a demonstrar-se um caso típico de infortúnio e dedicação a uma arte para a qual sempre evidenciou uma incrível falta de talento.



Chegado a Hollywood no ano de 1946, em 1948 o realizador, actor, argumentista, produtor e editor já dirigia a sua primeira longa-metragem e primeiro grande fracasso, “The Casual Company”, em que os protagonistas eram o próprio e a noiva e onde desde logo deu provas de uma total incapacidade para a função. Apesar disso, Wood nunca desistiu de lutar pelo seu sonho e um dos seus estratagemas para promoção dos seus filmes era apostar em nomes de algum modo mediáticos mas sem a menor vocação para a interpretação ou desde há muito acabados para o cinema. Neste âmbito, ganham destaque Bela Lugosi, famoso pela sua interpretação de Drácula mas que havia muitos anos tinha sido marginalizado por ser consumidor de drogas, Thon Johnson, um atleta sueco de luta-livre que sequer aprendeu a falar correctamente inglês e uma antiga apresentadora de televisão de nome Vampira. Os restantes componentes dos seus elencos eram actores indizíveis pela sua arte. Ou falta dela.



Os títulos mais famosos da peculiar filmografia de Ed Wood são “Glen or Glenda” (1953), uma obra inspirada na mudança de sexo e que continha muito de autobiográfico do realizador – ele que sempre gostara de se vestir com roupas femininas embora não fosse homossexual, “Bride of the Monster” (1955), que rendeu bom dinheiro mas cujos direitos Wood vendera, e «Plan 9 from Outer Space”, considerado o pior filme de sempre do cinema.



Tal como os seus filmes, onde as paredes abanavam, copos caíam e os actores se enganavam sem que o realizador repetisse uma cena, também na vida privada não se pode dizer que fosse tudo um mar de rosas para Wood. O seu primeiro casamento com Norma McCarthy mostrar-se-ia bastante frágil resistindo apenas poucos meses. Casaria depois com Kathy Wood num enlace que duraria até à sua morte, aos 53 anos, depois de se ter refugiado no álcool e na filmagem de pornografia.



Em 1994, Tim Burton debruçou-se sobre a sua vida homenageando o realizador no filme “Ed Wood”, em que Johnny Depp fez de Wood (ver cartaz acima).

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