domingo, 31 de outubro de 2010

A Crítica e o Confronto de Ideias



Tempo houve em que era meu costume aconselhar os filmes de que gostava a todos os meus amigos e conhecidos. Mas com o ganho de maturidade, vamos percebendo que os diferentes percursos de vida, as experiências distintas, questões sociais, morais, ideológicas e a própria formação pedagógica de cada um e outros pormenores de carácter definidores da individualidade são quem determina o gozo que se tem a ver um determinado filme. Isto pese continuar a existir bom e mau cinema, independentemente do que se afirma atrás, e filmes há em que a dissonância de opiniões é grande e da polémica que se gera não se possa afirmar que este ou aquele é dono da razão. Tem tudo a ver, para além do já afirmado, com opções por diferentes tipos de propostas de cinema. Uns, opções de estética e conteúdo mais radicais, outros, por ventura mais consensuais, de sensibilidade mais abrangente.



Daí que continue a fazer sempre esta pergunta: por que é que ainda há tanta gente a ficar ofendida porque A disse mal do filme que B adorou?

Acredito que a troca de argumentos ou, dito de outra forma, o debate de opiniões, é sempre positiva. E muitas vezes, algumas delas até de modo muito improvável, somos confrontados com uma visão oposta que nos leva a questionar os fundamentos que nos levaram a formar a nossa própria opinião. A crítica, seja ela de livros, de pintura, de cinema, etc., é sempre positiva. Desde que realizada de forma honesta e bem fundamentada. E há que não esquecer que o alvo da crítica é sempre o objecto artístico e não o leitor. Quer isto dizer que quem opina pretende ser justo com o filme, no caso do cinema, e não, nem poderia, (somente) agradar a quem o lê.

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