domingo, 31 de outubro de 2010

O Sexo e A cidade 2




Ensaio sobre a frivolidade


Para quem tenha visto o primeiro filme, «O Sexo e A cidade 2» não passa de uma repetição exaustiva de esquemas mas que agora surgem banais e sem pinga de inteligência criativa. E a sensação resulta pior para quem tenha visto alguns episódios da série televisiva que deu origem aos filmes, já que nesse caso «Sex and the City 2» não passa do estender de uma longa passadeira de frivolidades e humor fácil. Mais grave ainda, é perceber em como a ânsia mercantilista pode assassinar – e o termo assassinar é tudo menos exagerado - o que foi uma ideia inicial extremamente válida e fresca: elaborar um retrato livre e desinibido da mulher moderna, urbana e independente.

De facto, toda a causticidade e genialidade da série que o primeiro filme recuperava um pouco para o cinema perdeu-se nesta sequela. E a prova disso mesmo é constatar que as amigas Carrie (Sarah Jessica Parker), Charlotte (Kristin Davis), Miranda (Cynthia Nixon) e Samantha (Kim Catrall) são hoje caricaturas baratas de si mesmas numa vida anterior e que até o ‘glamour’ que milhões de mulheres procuram nas suas personagens se transformou em algo tosco e desenxabido. Não o mereciam a série televisiva, as admiráveis personagens que esta criou e muito menos os milhões de fãs que certamente se sentirão um pouco frustrados com o que viram neste filme. Não servirá de factor atenuante para os fãs, mas fácil será de concluir que para quem não seja adepto de «O Sexo e a Cidade» o filme não passa de um enorme bocejo muito mal disfarçado com uma ou outra gargalhada fácil aqui e acoli. Quanto aos primeiros, temo que em resultado das justificadas expectativas com que foram ver o filme possam ter saído da sala de cinema com uma certa sensação de fraude a pairar-lhe sobre a mente.


«Sex and the City 2», de Michael Patrick King, com Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis e Cynthia Nixon




















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