
Passado nos primórdios do Séc. XX quando começavam a surgir os primeiros magnatas do petróleo, a narrativa descreve um prospector cujo único objectivo na vida é o de se tornar milionário não evitando seguir qualquer meio justificado este apenas pela finalidade que se propôs alcançar. Plainview (Day-Lewis) é um perfeito pulha que, ainda para mais, despreza o seu semelhante; por exemplo, não se lhe conhece um relacionamento com o sexo oposto e toda a ascensão que logra alcançar assenta numa podridão sem limites. A rivalizar consigo no modo deplorável como pauta a sua vida, apenas Eli Sunday (Paul Dano) o asqueroso líder espiritual da pequena e decadente cidade onde se situam as terras inóspitas que irão trazer a prosperidade a Plainview.
Em suma, «There Will Be Blood» – no seu título original, pelo seu abstraccionismo está longe de ser cinema fácil de apreender pelo espectador menos avisado. Isto, com excepção da interpretação assombrosa de Daniel Day-Lewis que poucos deixarão de não reverenciar. Para o facto de ser um filme de percepção delicada conta o pormenor da realização se ter soltado das amarras do sentimentalismo para construir um desapaixonado retrato sócio-cultural da América. A América das oportunidades, da liberdade absoluta mas onde verificamos existir uma completa ausência de valores civilizacionais e humanos por muitos daqueles que atingiram o sonho. Em «Haverá Sangue» não há lugar para mulheres bonitas, homens charmosos ou vidas de causar inveja. Na verdade também não há muito sangue. Há sim petróleo, terras de natureza hostil, dureza e seres humanos de personalidade ensombrada pela cobiça que fundamenta a sua existência enquanto seres vivos.
HAVERÁ SANGUE – de Paul Thomas Anderson, com Daniel Day-Lewis e Paul Dano.
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