domingo, 31 de outubro de 2010

A Sedutora Sensualidade do Sonho












«Mulholland Drive» pode ser descrito como uma poesia. Ou como se de um intenso hino de lamentação se tratasse. Pode ser descrito de várias formas, mas aquilo que fez com que «Mulholland Drive» viesse ao mundo através do génio do seu criador foi a vontade de nos contar uma história triste e trágica. Uma história como tantas outras num universo sedutor mas igualmente devastador e cruel para tantos. A história triste de alguém com um brilho nos olhos, o brilho nascido do sonho da fama e vincado pelo desejo de se cobrir de glória. A história de alguém que chega a um mundo que não é o seu e, com o choque brutal das diferenças desses mundos opostos, se esquece afinal de quem era, do seu verdadeiro mundo. E sonha. Sonha tornar-se uma mulher bela e sensual, atraente como poucas.



Como ela ama a mulher que quer ser, mas como é trágica a frustração dos sonhos que se esvaem, a desolação do sentimento de quem suspeita vir a falhar no sonho que a fazia viver. O sonho confunde-se com a realidade e ela faz amor consigo mesma, com a imagem ilusoriamente materializada da mulher em que desejava vir a transformar-se. Masturba-se. A noite é longa, húmida, quente. No sono perturbado, o quarto onde dorme vira teatro nocturno e chama-se Silêncio. Nada é o que parece, tudo é ilusão. E chora-se («Crying») de infelicidade. Ela estremece com o pesadelo. Não suporta mais, todos a amam pelo que desejaria ser, falha como é na verdade, dá-se o descalabro emocional. Fim.

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