domingo, 31 de outubro de 2010

Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme





 


Crise, disse ele


Em finais dos anos 80, Oliver Stone apresentava ao mundo Gordon Gekko, um investidor de Wall Street ganancioso e sem escrúpulos que rendeu a Michael Douglas o Oscar para a melhor interpretação masculina do ano. O filme foi um sucesso e em 2010, já sem a chama nem a fleuma de outrora, Stone recriou a personagem fazendo-a sair da prisão onde cumprira pesada pena por fraude trazendo novamente Michael Douglas até nós, agora em «Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme». Debalde.


É que para além dos lugares-comuns já sobejamente repetidos sobre o mundo cão, amoral e devorador em que navega a economia global e de uma pomposa explicação dos motivos da actual crise financeira, a realização de Stone oferece-nos pouco mais de que possa orgulhar-se. E mesmo aquilo que nos oferece, embora num embrulho feito de papel finíssimo, arrasta consigo um tal moralismo entranhado nos ossos que dele dizer-se dispensável é curto. Para além disso, poucos delirarão com a condescendência das personagens perante os seus próprios actos e um final de filme tão optimista quanto patético. No fundo, tão anedótico como o ‘cameo’ [chamemos-lhe assim] de Charlie Sheen, ele que foi Bud Fox no primeiro filme da série.


Mas se alguém achar que estou a ser demasiado duro e não se tenha ainda deslocado a uma sala de cinema onde o filme esteja a ser exibido, aproveite agora. Aproveitem e vão vê-lo. Até porque se não gostarem das diatribes de Gekko & Comparsas lembrem-se que se tivessem partido uma perna seria bem pior. E mesmo que partam alguma perna, tenham calma. É que grave, grave, só mesmo se partissem as duas pernas. É esta a filosofia de «Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme».




«Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme», de Oliver Stone, com Michael Douglas, Shia LaBeouf e Carey Mulligan










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