domingo, 31 de outubro de 2010

O Estranho Caso de Benjamin Button







Quando assisti ao filme «O Estranho Caso de Benjamin Button», confesso que ainda não tinha lido o livro de Francis Scott Fitzgerald, adaptado por David Fincher ao cinema. E arrisco dizer que ainda bem, pois a minha reacção ao trabalho de Fincher teria sido bem menos entusiástica. Na verdade, há em «O Estranho Caso de Benjamin Button» uma diferença clara e fundamental entre a literatura e o cinema. Isto porque a escrita se socorre da história insólita de um homem que nasce velho até desaparecer como bebé para ilustrar a fragilidade do amor e das paixões, que, por maiores que possam um dia ter sido, chegam a desaparecer de forma trágica se não apenas para um de modo igual para os dois elementos do par amoroso. Já o filme fica preso à disparidade temporal entre os dois amantes como se o desencontro amoroso passasse apenas por aí. E esta não é uma diferença pouco importante. Trata-se de uma questão de verosimilhança com a realidade já que acreditamos piamente naquilo que Fitzgerald nos quer transmitir, enquanto a ideia negativa de ficção está irremediavelmente presente na realização de David Fincher. Isto pese toda a carga emocional que o filme possa despejar em nós

Sem comentários: