domingo, 31 de outubro de 2010

Greenberg







Crónica indie de uma ida febril ao cinema


Suponho que ir ao cinema quando se está a meio de uma gripe não seja bom para quem vai e muito menos para a apreciação do filme. Mas como sou avesso a ficar de ‘molho’ desde que me consiga arrastar de casa, arrastado lá fui. «Greenberg», de Noah Baumbach, é um produto típico do chamado cinema independente norte-americano e tem tudo aquilo que à partida se espera deste género de cinema. Pessoas de alguma forma estranhas, relações problemáticas e gente feia. Para além disso, Greenberg é corporizado por um Ben Stiller de tal maneira esquelético que impressiona pela sua magreza.

Stiller é Greenberg, um homem já entrado nos quarenta anos mas que parece nunca ter saído dos vinte. Saiu, isso sim, de um manicómio (vá lá, desculpem, diz-se hospital psiquiátrico) e desde Nova Iorque viaja até Los Angeles onde vai passar uns dias a casa do irmão, este de bem com a vida a fazer na altura uma viagem com a família até ao Vietname. Greenberg é um tipo neurótico e egocêntrico que não consegue passar mais de cinco minutos com alguém sem conseguir arranjar um conflito. Ora isto para quem vem de visita a antigos amigos e acaba por se relacionar com a empregada do irmão não é lá muito saudável. E entre gente que bebe como se não houvesse amanhã, barriguda e profundamente desmazelada com o seu aspecto meio ‘hippie’ e um bonito cão a sofrer de uma doença sofisticada, sem que pouco ou nada aconteça lá se vai fazendo o filme de Baumbach, ele que tem no seu currículo «A Lula e a Baleia»(2005) e «Margot e o Casamento»(2007).

Se esta fosse uma normal crítica de cinema, claro que seria de bom tom evocar o cinema europeu como referência de «Greenberg», nomeadamente Eric Rohmer, mas a verdade é que uma das coisas boas da febre é permitir esta leveza na hora de comentar um filme. Que, diga-se em abono da verdade, pouco ou nada acrescenta às vidas de cada um e como momento cultural ou de simples entretenimento também não possui méritos por aí além. Ou seja, admito que «Greenberg» seja muito para fãs do cinema independente norte-americano mas ainda assim não deixa de ser mais do mesmo. Apesar de tudo, vou tentar rever o filme quando sair em DVD já sem febre e com uma bebida e uns aperitivos a acompanhar.




Greenberg, de Noah Baumbach, com Ben Stiller



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