domingo, 31 de outubro de 2010

Seda





Não há muito que dizer acerca de «Seda», do canadense François Girard. O filme resulta de uma adaptação do ‘best-seller’ escrito pelo italiano Alessandro Baricco e na produção esteve reunida uma autêntica sociedade das nações formada por Canadá, França, Inglaterra, Japão e Itália. À causa de quê, pergunta-se, já que a expressão mais apropriada à visão das quase duas horas de película provém da gíria e designa-se de xaropada.



Depois, dizer apenas que há uma tentativa tão exacerbada de atingir a mais emotiva intimidade do espectador através do triunfo da estética que o resultado virou numa redundância concepcional tão aborrecida que apenas colheu do pobre um enorme bocejo defronte da tela. Não esquecer também a tentada viagem introspectiva do protagonista que nos é evidenciada pelo rosto sofrido e olhar embaciado de um Michael Pitt sem um mínimo de estrutura dramática para arcar com tamanha responsabilidade. Restam-nos os belíssimos rostos femininos das duas actrizes japonesas de serviço, em contraste com uma Keira Knightley irreconhecível a deambular pela tela qual aparição fantasmagórica, e um Alfred Molina invariavelmente competente. Mas não chega. De todo.



Neste poço de sensibilidade onde todos se afogam, incluindo o espectador num sono profundo, destaque-se ainda o gravíssimo erro de uma concepção cinematográfica que confunde aparência com essência. Uma lástima.





Seda, de François Girard, com Michael Pitt, Keira Knightley e Alfred Molina

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