domingo, 31 de outubro de 2010

O Cinema na Abordagem aos Homens e Mulheres Portadores de Algum Tipo de Deficiência





Ao reflectir um pouco sobre a questão, chego à conclusão que o cinema abandonou ligeiramente as histórias sobre pessoas com deficiências físicas ou mentais em busca do seu lugar na sociedade. Talvez porque hoje por hoje haja também por parte do cinema um esforço de integração dessas pessoas na referida sociedade evitando tratá-las de forma diferente, ou, então, por questões ligadas ao próprio cinema como o será o facto do chamado overacting estar um pouco fora de moda. E filmes do género são propensos a uma abordagem algo excessiva por parte dos actores.



De tal modo assim é que, puxando pela memória, quase tem que se retroceder até Encontro de Irmãos (com Tom Cruise e Dustin Hoffman) ou mesmo Forrest Gump (Tom Hanks) para encontrarmos cinema centrado nessa temática. O também conhecido I Am Sam – A Força do Amor (Sean Penn) é mesmo um dos exemplos mais recentes que se consegue encontrar.



Ainda assim, A. I. – Inteligência Artificial (de Spielberg) é um filme futurista que se pode enquadrar no género. Nele temos um menino, que é afinal um robô, em busca de se tornar igual aos outros meninos, em busca do amor de mãe. Tal como Pinóquio buscava o amor de pai. Em Spider (de Cronenberg) temos alguém acabado de sair de um hospital psiquiátrico atormentado por uma infância dramática. Mas talvez este seja um filme demasiado complexo para um público ainda bastante jovem. Já Vida Interrompida (com Angelina Jolie e Winnona Ryder) parece retratar uma história interessante e motivadora para o público em causa. O argumento desenvolve-se numa instituição psiquiátrica um pouco ao jeito do clássico Voando Sobre um Ninho de Cucos (Jack Nicholson) mas actualizado nos cenários e adaptado a um universo feminino.



A Estação (ninguém conhecido) é cinema alternativo que conta a vida de um anão a querer fazer vingar a tese de que os homens não se medem aos palmos e Uma Mente Brilhante (com Russel Crowe) é popular e bastante pertinente até porque foi baseado numa história de vida verídica. Há ainda um filme comovente, O Grande Peixe (do genial Tim Burton), que nos narra a odisseia de um homem considerado louco mas talvez mentalmente bem mais são que os designados de saudáveis. Em À Espera de Um Milagre (com Tom Hanks e do Frank Darabont) um negro grande fisicamente mas com mente de criança mostra quão tortuosos podem ser os caminhos da justiça e que há razões que a própria razão se recusa a explicar. E, depois, temos ainda o colorido Nemo, aquele peixinho famoso que tinha uma barbatana deficiente mas que teimou em mostrar ao pai a sua auto-suficiência.



Relembre-se ainda o filme da vida de muito boa gente, Eduardo Mãos de Tesoura (saído igualmente da genialidade de Tim Burton), o muito bom O Meu Pé Esquerdo (com o excelente Daniel Day-Lewis) na história de um tetraplégico a comunicar com o pé, Filhos de um Deus Menor (com William Hurt) no registo surdo-mudo de uma mulher apaixonada e, por último, Kids (de Larry Clarke) que relata a inconsciência louca de uma juventude irreverente e suicida.

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