
Os irmãos Coen, esses, reconheça-se, fazem da alienação a sua arte. Mas em cinema nem sempre isso basta e neste seu filme ficaram muito aquém do minimamente exigível. E quando se tem bons actores (Tommy Lee Jones, por exemplo, deu-se muito bem como Sheriff Bell), uma fotografia admirável e, o melhor do filme, alguns diálogos assombrosos em inteligência e humor, já se pedia pouco a Ethan e Joel Coen: pedia-se apenas que conseguissem alguma profundidade psicológica quanto ao argumento e às personagens e, já agora, que procurassem que a história que quiseram contar fizesse algum sentido aqui e ali. O final do filme é paradigmático desta falta de senso. Somou-se dois mais dois, a conta deu cinco, estava errada e ninguém a corrigiu.
Uma outra nota para a personagem de Javier Bardem – protagonizada de modo muito sofrível por este – que não destoa do restante: a sua caracterização tem montes de piada, ok, mas porquê assim? Quem é este homem, por que age o diabo do rapaz de modo tão desapiedado e desapaixonado e, sobretudo, por que não matou ele o idiota que lhe corta o cabelo daquele modo ridículo? Se calhar até matou, mas ninguém no-lo disse. E terá, a tê-lo despachado, Anton Chigurh (Bardem) usado no assassínio do seu barbeiro oficial o original método da moedinha e da escolha de cara ou coroa? Estes Coen são um pagode e levaram o seu circo até aos Óscares. Com sucesso, diga-se.
Em suma, se aquele país não é para velhos este filme não o prova. É que, ironicamente, para além dos já citados diálogos admiráveis o melhor de si é, afinal, o velho Sheriff Bell. E os novos que vagueiam pela tela parecem umas baratas tontas a atirar em tudo quanto mexe. Mas é justo, no fundo no fundo é tudo uma simples questão de cara ou coroa. Eh!
ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS – de Joel e Ethan Coen, com Tommy Lee Jones, Josh Brolin e Javier Bardem
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