domingo, 31 de outubro de 2010

Revolutionary Road





«Revolutionary Road»



Sam Mendes adaptou para o cinema o livro de Richard Yates e assume a tarefa da desconstrução do american dream e desagregação de um casamento que se consome à medida que a ambição de um, o marido, se desvia do sonho que foi de ambos mas que apenas a esposa mantém intacto. Até ao fim. Literalmente.



Kate Winslet e Leonardo DiCaprio carregam o filme às costas com interpretações relevantes, bem coadjuvados por um secundário – Michael Shannon – que ilustra o desencanto de uma realização na linha do grande sucesso do cineasta britânico, o aclamado «Beleza Americana». Intelectualmente estimulante e psicologicamente perturbador, o amor, o ódio e a indiferença vão-se acumulando numa palete de sentimentos contraditórios que conduzem as personagens por um caminho de ida sem volta.



No fim, Revolutionary Road, a rua, continuará imponente nas suas mansões unifamiliares e nos jardins bem cuidados onde a vida prossegue imperturbável. Umas vezes eufórica outras resignada mas invariavelmente indiferente aos dramas dos vencidos. «Revolutionary Road», o filme, vê-se com uma calma que causa estranheza já que é de uma serenidade enganadora que se trata porquanto somos invadidos pela perturbação e melancolia de histórias de vida já vistas e revistas. E não necessariamente apenas na tela grande da sala do cinema.




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