domingo, 31 de outubro de 2010

A propósito de «Plexus», de Henry Miller








Um lugar no mundo


Na sua obra «Plexus», que no fundo não é mais que uma autobiografia romanceada e faz parte da trilogia composta ainda pelas obras «Nexus» e «Sexus», o escritor norte-americano Henry Miller (1891 – 1980), conclui que o seu lugar no mundo seria sempre diferente do comum dos mortais. Miller dá igualmente a entender que só encontrando esse lugar para si e conquistando a paz de espírito suficiente para se usar das premissas de sabedoria que a vida lhe iria concedendo, poderia vir a ser um grande escritor.

Confesso a ambiguidade de sentimentos que me invade ao relembrar as sábias palavras de Henry Miller. Porque sendo eu um mau escritor só posso chegar a dois tipos de conclusão e nenhuma delas é boa. Ou assumo definitivamente a minha falta de talento para a escrita ou percebo com alguma ironia que me faltam a paz de espírito e o conhecimento suficientes para me tornar escritor. Sim, porque o meu lugar no mundo creio já estar definido: é que ao contrário de Miller, que se esteve nas tintas para a sociedade e suas regras vivendo a vida que sempre desejou para si, eu acabei por me deixar engolir pela mais absoluta regularidade do homem enquanto ser social.

A minha última esperança reside naquele sonho de um dia vir a explorar um pequeno bar numa praia tropical. Um bar construído por canas de bambu e frequentado por gente vinda do mais remoto dos mundos ávida dos sabores da natureza e daquela inocência que já foi característica do ser humano há muitos e muitos anos atrás.


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