domingo, 31 de outubro de 2010

Das amizades e das relações

[The Travel of Romance: 1994 - Eric Fischl]




No Blogue Pretextos para Fugir do Real, a Elisabete, autora do blogue, pergunta pelas amizades verdadeiras. Já deixei este texto por lá, na sua caixa de comentários, mas adapto-o também para aqui.
É que os relacionamentos, por via dos sentimentos demasiado voláteis, sejam eles amorosos ou de pura amizade, são válidos enquanto as pessoas retiram algo deles. Companhia, cumplicidade, reciprocidade ou seja lá o que for. Se alguma desta interacção se perde é muito fácil ‘desaparecer’ da vida do outro/a. Hoje, a Internet tem também alguma responsabilidade nisto. Não só porque é surpreendentemente simples assumir sentimentos e conivências que de facto não existem, como, por outro lado, é tremendamente fácil desligar de determinada pessoa porque para isso basta desligar o computador quando antes se promete amor e uma cabana para toda a vida. É de realçar também que a rapidez com que algumas pessoas chegam às nossas vidas é a mesma com que saem delas. Noutros casos, acreditamos piamente ter descoberto uma ‘alma gémea’ e investimos nesse instinto que nos empurra para essa pessoa. Mas do lado de lá o sentimento pode não ser o mesmo e ainda que não devêssemos fica sempre alguma mágoa pela perda do que afinal não se chegou a ganhar. Neste entretanto, involuntariamente também nós vamos deixando outros que nos estimam ‘pendurados’ no seu sentimento porque estamos ‘noutra’. Quando se coloca a questão fala-se certamente de alguma frustração relativamente a alguém, mas é possível que algures possa haver outra pessoa a pensar o mesmo relativamente a nós. E em muitos desses casos nós nem nos apercebemos disso, não fazemos por mal. A vida não é uma ciência exacta. É feita de altos e baixos, de sucessos e fracassos, de felicidade e tristeza. Mas é por isso que é tão bom saboreá-la. E já que a Elisabete fala nisso, os filmes exploram muito bem todas essas vertentes e não apenas as positivas.






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