domingo, 31 de outubro de 2010

O brilho da paixão

[A cena do filme «Once Upon a Time in America» referida no texto]





A propósito de «Once Upon a Time in America»


Revejo «Era uma vez na América». Uma menina dos seus catorze anos dança alegremente por entre uma imensidão de sacos de farinha. Noodles, que na fase adulta irá ser interpretado por Robert de Niro, escondido olha por dentro de uma frincha aberta numa porta o objecto da sua paixão enquanto a fabulosa partitura de Enio Morricone os acompanha e entra pela minha sala. A miúda é repreendida e chamada pela mãe. Tendo que trocar de roupa, começa a despir o vestido branco de dançarina. Mas entra alguém e Noodles já não consegue ver por completo a beleza do corpo nu da jovem. Mais tarde, Noodles irá comprar a sua primeira experiência sexual. Tal como nos filmes ou no amor, para o jovem ainda não existe a gestão das expectativas e bom ou mau sexo para si não tem qualquer relevância, urge apenas tê-lo.

Quando Sergio Leone realizou o épico «Once Upon a Time in America» (1984), já tinha brindado os cinéfilos de todo o mundo com filmes inesquecíveis como «Por um Punhado de Dólares» (1964), «O Bom, o Mau e o Vilão« (1966) e «Once Upon a Time in the West» (1968). Leone levou treze longos anos a preparar o seu derradeiro filme. Por consequência, «Era uma Vez na América»(1984) é quase comparável a uma inesquecível experiência de amor. Nesta sua obra, o brilhante realizador conseguiu conjugar com grande sabedoria o desejo, a ternura e a paixão ardente de dois corpos que se conhecem como ninguém com o sentimento mais profundo, o amor.



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