A CHOCANTE VIDA SECRETA DE UM APRESENTADOR DE TV
«Confissões de Uma Mente Perigosa» resulta da adaptação da “autobiografia não autorizada” de Chuck Barris, um pioneiro produtor e apresentador de programas de telelixo nos EUA nas décadas de 60/70. Este filme marca igualmente a estreia na realização por parte de George Clooney. Barris foi sempre uma figura controversa no seu país e o livro que serve como referência ao filme ainda acentua mais essas suas características de personalidade, já que é nele revelada uma hipotética vida dupla do apresentador de TV. Uma vida dupla que terá decorrido totalmente desconhecida da opinião pública e que o terá igualmente levado a ser um assassino ao serviço da CIA. As macabras encomendas que lhe eram feitas pela referida organização eram invariavelmente consumadas no intervalo dos seus programas, mais precisamente num deles em particular: “The Gong Show”.
A película, cujo argumento possui a assinatura do mediático Charlie Kaufman, é toda ela povoada por um verdadeiro desfile de vedetas onde se destacam nomes como os de Julia Roberts (no papel de bela e mortal), Drew Barrymore (companheira de Barris), Rutger Hauer (um colega europeu das andanças da morte por encomenda), do próprio Clooney (uma espécie de intermediário do mundo da espionagem operando entre Barris e a CIA) e até as presenças meteóricas mas hilariantes de Brad Pitt e Matt Damon. Com tantos nomes sonantes no elenco, é caso para dizer que os amigos são mesmo para as ocasiões. E Clooney parece tê-los. Entretanto, a extraordinária composição de Barris efectuada por Sam Rockwell valeu ao actor o prémio na Berlinale – nome próprio do Festival de Berlim – deste ano.
De produção média e onde se percebe até um firme piscar de olhos ao cinema independente por via das suas opções conceptuais, o filme procura evidenciar a singularidade da personalidade do retratado e o seu corrosivo sentido de humor. Apesar disso, a pouca fluidez da narrativa devida ao argumento espasmódico de Kaufman não permite que o espectador se fixe numa das potenciais curiosidades do enredo: perceber até que ponto é real a revelação de que o excêntrico apresentador era, nas horas vagas, um matador a soldo da CIA. Assim sendo, constata-se que Clooney acaba por se tornar – e ao seu filme – vítima da exagerada pretensão criativa – e intelectual – com que abordou esta sua primeira obra. Ainda assim, o que se pode observar em termos globais leva a que se reconheça este como um filme interessante. E um bom começo de Clooney na realização, portanto.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
CONFISSÕES DE UMA MENTE PERIGOSA
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