terça-feira, 12 de outubro de 2010

À Espera de Um Milagre

   


     



Emoção e Tensão 
     
      O primeiro dado a reter na abordagem a este brilhante e comovente filme, é a absoluta e inequívoca modernidade do seu argumento. Extraordinariamente arquitectado conta uma história que se passa na banalidade de uma prisão, no sector menos banal dos condenados à morte, adicionando-lhe uma riquíssima parcela de sobrenatural. Frank Darabont manuseia com tal rigor o seu próprio argumento (adaptado da obra de Stephen King), que durante três horas desfilam um conjunto de personagens inteiramente preenchidas na sua construção psicológica, e necessárias ao desenrolar da trama, e de acontecimentos de uma intensa componente humana mesmo quando é caso de explanar cenas de clara desumanidade e profundo dramatismo.
     
   
Colocar na pele de um homem enorme, em tamanho, a ternura e a ingenuidade bondosa próprias de uma criança ao mesmo tempo que lhe são conferidos poderes de um deus mesmo que na caminhada assumida para o sacrifício, revela algo de muito admirável. E Michael Clarke Duncan, com uma estrutura física adversa, cria alguém de uma personalidade tão bondosa quanto tocante sensibilidade que não deixa ninguém indiferente à sua personagem inocente e altruísta. Paralelamente, a forma como uma equipa de guardas prisionais procura tratar assassinos condenados à morte, com total dignidade, e o modo como encaram alguém com poderes que não compreendem mas com os quais se deixam enredar é, igualmente, muito positiva.
     
      Este é um filme onde o cast é de tal maneira rico e diverso que gostaria de fazer apenas três destaques sendo que o maior já foi referido e vai para Michael Clarke Duncan. Depois, um actor que raras vezes é destacado mas que, mais uma vez, Vê o seu papel tornar-se determinante para uma componente entre o comovente e o sentido da obrigação que o filme adopta e que a sua personagem encarna. É ele David Morse (o íntegro Brutus Howell). E, finalmente, Tom Hanks que insiste em driblar qualquer trabalho de casting provando um perfil adequado a qualquer tipo de personagem, conferindo-lhe fascínio e credibilidade. Comovente, como se disse, e absolutamente imperdível.

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