quarta-feira, 13 de outubro de 2010

EXTERMINADOR IMPLACÁVEL 3 - ASCENSÃO DAS MÁQUINAS

        

      SCHWARZENEGGER: A FACE DE UM ROBOT DE SUCESSO
     
      Quase vinte anos depois de ter protagonizado o primeiro filme da saga, o austro-americano Arnold Schwarzenegger aí está de novo na pele de um ‘robot’ criado para matar. Isto, apesar de ter viajado desde o futuro em missão de protecção de um humano, John Connors (Nick Stahl), que é alguém destinado a liderar a resistência da raça contra a rebelião assassina das máquinas. E não, não se pense que por causa do passar dos anos o ‘robot’ de Arnold é uma simples lata velha. Nada disso, pois o senhor músculos demonstra estar em grande forma. Já por detrás das câmaras, e neste terceiro filme da saga, James Cameron abandonou a cadeira da realização, onde se tinha sentado nos dois episódios anteriores, para a ceder a Jonathan Mostow (realizou em 2000, «Submarino U-571»). Quanto ao filme, em termos gerais, eis o primeiro e muito positivo dado a reter: através da manutenção da sua vocação destruidora e da estética ao estilo anos 90, esta é uma realização que celebra o espírito de uma saga que criou em seu redor milhões de indefectíveis fãs.
     
      Situemo-nos então no argumento escrito por John D. Brancato e Michael Ferris mas que, atente-se bem, resulta do trabalho (distinto) de sete diferentes elementos: dez anos passados desde a última aventura, John Connor é agora um adulto de 25 anos que vive ao largo da sociedade. A sua intenção é fugir à Skynet, a rede controladora de máquinas que no passado o pretendera aniquilar. Enquanto isso, do futuro é enviado um sofisticadíssimo ‘cyborg’ assassino, o T-X (Kristanna Loken), muito bem disfarçado num belo corpo de mulher e que vem para completar aquilo que o seu antecessor, um modelo T-1000, deixara inacabado: abater Connor. Para os seguidores da série, o resto é do senso comum e resulta inevitável. Apesar de se tratar de um modelo de andróide mais arcaico e como tal menos apetrechado tecnicamente, o Exterminador (Schwarzenegger) retorna novamente do futuro para cumprir a sua missão protectora. Entretanto, e talvez porque o elemento romance se torna essencial numa produção como a que aqui se verifica existir e onde estão claramente delineados os objectivos comerciais, pelo meio há ainda uma jovem. Ela é Kate Brewster (Claire Danes) e será peça fundamental para que seja possível a sucessão hereditária na liderança da resistência. Em questões de conflito bélico e de trama política, neste capítulo da série ganha também importância a personagem do pai de Kate (protagonizado por David Andrews), um oficial com funções muito importantes na estrutura de estado americana. De tal modo assim é, que por alturas do encontro entre as quatro personagens atrás referidas, a missão do Exterminador resvala – aparentemente – para a destruição das máquinas como tentativa de evitar a queda da civilização humana.
     
      Em termos gerais, embora sob a aparência de um mero filme de acção passado em territórios da ficção científica, a verdade é que a história se agiganta na dúbia e sempre arriscada relação entre o homem e a máquina. Ou seja, através do ressoar das metralhadoras, do troar das explosões e da espectacularidade das lutas entre ‘robots’ e consequente chapa retorcida, filosofa-se sobre os limites da ciência e da tecnologia tornados extremamente perigosos quando não respeitados. É um facto que tal soa a inacreditável sabendo nós o género de filme a que «Exterminador Implacável 3: Ascensão das Máquinas» pertence, mas para o percebermos basta que procuremos olhar um pouco para lá daquilo que se observa na sua epiderme. Se o fizermos, verificaremos o bom trabalho produzido pela equipa de argumentistas. Mas há ainda mais dado que a narrativa se desdobra igualmente na polémica que consiste em tentar perceber-se até que ponto o facto de se conhecer o passado é passível de vir a alterar o futuro. Noutro âmbito, ligado aos conflitos existenciais em debate, é de louvar o modo como estes se encontram inseridos no vulgar da trama, bem entendida a expressão. De tal modo assim é que esta vertente quase passa despercebida ao espectador, absorto que este se encontra no seguimento do desenrolar da fita.
     
      Em suma, o mínimo que pode concluir-se é que estamos na presença de um filme valoroso enquanto elemento de continuidade de uma saga e que as quase duas horas de duração deste se revelam bastante agradáveis de passar. Quanto ao elenco, o destaque vai inteirinho para Arnold Schwarzenegger. Ele que, a avaliar pelos anos que mediaram os diversos filmes, deve ter-se despedido aqui da personagem. Uma personagem a que terá voltado por uma boa causa: qualquer coisa como 30 milhões de dólares.


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