quinta-feira, 14 de outubro de 2010

STAR WARS - EPISÓDIO II - ATAQUE DOS CLONES




      TOMEM E VEJAM TODOS, ESTA É A NOVA E ETERNA ALIANÇA (CAP. II DA NOVA SAGA, SEGUNDO S. GEORGE LUCAS)
     
      Meio a brincar meio a sério, são por demais conhecidos os rumores que circulavam sobre a forma de governar do anterior executivo português. Efectivamente, dizia-se que quando António Guterres e os seus pares queriam avançar com uma nova medida, bastava fazerem com que algum tempo antes da tomada de decisão as notícias saíssem nos jornais de forma oficiosa e de fonte secreta. Posteriormente, e olhando as diferentes reacções da sociedade, ou pura e simplesmente se abandonava a intenção executiva caso fosse sentida uma grande animosidade da população, ou se avançava para a medida mais simpática aos olhos dos mesmos. Verdade ou simples maldade, isso hoje já pouco importa, o que não deixa de ser um facto é que este foi o mesmo estratagema utilizado por George Lucas na concepção deste Episódio II da nova trilogia de «Guerra das Estrelas». A única variante, é que o realizador aproveitou as críticas lançadas, e foram muitas, sobre o primeiro episódio da nova saga, «A Ameaça Fantasma», contratou um argumentista para o ajudar nos diálogos e imprimiu a este novo episódio uma maior variedade temática e de situações. O romance, a aventura e a intriga política são alguns dos exemplos mais marcantes que atestam estes factos. Mais que recriar havia que satisfazer uma legião de indefectíveis fãs.
     
      No entanto, a par de outras importantes falhas do filme, sendo que uma delas é a incapacidade que se lhe sente em termos de captação da atenção do espectador sempre que se não usa e abusa dos efeitos técnicos e digitais, existem alguns pormenores de modernidade que têm a ver com as profundas alterações produzidas na sociedade humana desde que George Lucas concebeu a sua história até aos nossos dias, que este, caso as tenha já apreendido, ainda não conseguiu materializar neste seu filme e que, inevitavelmente, jogam contra ele. Assim sendo, e só para citar alguns exemplos, mesmo que haja uma clara alusão e inclusão da nova realidade da clonagem humana, começa a ser algo descabido e retrógrado o exagerado retorcer e trabalhar da chapa na enorme plêiade de figuras do universo de Lucas. Por outro lado, urge repensar o imaginário futurista da «Guerra das Estrelas» com a inclusão de elementos bélicos muito mais ligados a formas psicológicas e telepáticas abandonado a pirotecnia que aqui mais uma vez faz os seus efeitos. E que dizer de um mundo com um regime político assente numa democracia intergaláctica que é ameaçado pelas armas das forças do mal quando, quanto a mim, uma das maiores ameaças da nossa sociedade reside exactamente na cada vez mais grossa possibilidade de falência do regime democrático tal qual nós o conhecemos nos nossos dias?
     
      Objectivando agora este comentário não tanto no que seria exigível mas sobretudo naquilo que se observa em «Ataque dos Clones», tem que se reconhecer que o filme começa logo com uma perseguição entre naves, e saltos de uma para a outra nave, capaz de fazer inveja ao mítico James Bond. Para cúmulo do azar, Lucas usa e abusa de situações quase retiradas a papel químico de outras importantes obras do cinema que não ajudaram nada a que fugisse da latente ameaça de previsibilidade que necessariamente pairava sobre o filme uma vez que, chegada até nós através da anterior trilogia, esta é uma história já conhecida. Claro que, muito oportunamente, os mais empedernidos fãs da saga acharão que as referências externas do filme mais não visam que uma sentida forma de homenagear os mesmos. Para outros que, tal como eu, vêem o filme pelo filme, e mesmo que não se negue a intenção de celebrar outros filmes, este pormenor mais não conseguiu que acentuar alguma perda de clarividência imaginativa de George Lucas e por tal aqui obrigado a viajar à boleia de outros.
     
      Ainda assim, «Guerra das Estrelas – Ep. II – Ataque dos Clones» é um filme que procura fugir à menoridade criativa do seu antecessor apesar de nele se continuar a notar uma muito maior capacidade dos seus autores em trabalharem a forma e muito menos o conteúdo. No entanto, existe nesta obra uma áurea de grandiosidade bíblica que é de todo assinalável e que só encontra paralelo nos seus efeitos visuais e na espantosa prestação dramática do absorvido nas forças do mal Conde Dooku por Christopher Saruman Lee. No resto, para lá da já referida aborrecida sensação de previsibilidade e da ainda que intencional irónica clonagem de algumas cenas do filme, fica a certeza de que Hayden Christensen, aqui num Anakin Skywalker a meio caminho de Darth Vader, muito terá que redimensionar a sua prestação interpretativa se quiser mesmo corporizar um maléfico mas carismático Darth Vader. E, já que tem de começar por algum lado, quem sabe talvez devesse mesmo começar por lanchar umas sanduíches de arame farpado...!?

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