domingo, 10 de outubro de 2010

007 - MORRE NOUTRO DIA





O REGRESSO DO ESPIÃO INSOLENTE
     
      Já o sabíamos mas não existe nada melhor para renovarmos essa convicção que uma nova aventura do herói que o mundo conhece e admira há já quarenta anos. E em «Morre Noutro Dia» ele regressa ao grande écran mais provocador que nunca, tão temerário como sempre, distribuindo charme e classe como poucos, dividido entre a paixão pelas mulheres e o dever no combate ao crime à escala mundial. As mulheres são belas e sensuais, os criminosos feios e megalómanos mas ele, o agente dos serviços secretos britânicos que dá pelo nome de Bond, James Bond, é detentor da receita certa para as seduzir a elas e combater a eles. Algures entre um copo de Martini, um olhar apressado ao relógio Omega, uma ruidosa corrida ao volante do potente Aston Martin. Desta feita, o novo capítulo da saga do espião insolente foi realizado pelo neozelandês Lee Tamahori e, para comemoração dos quarenta anos das incursões do “filho” do escritor Ian Fleming no cinema, procurou-se que o filme exaltasse algumas das suas mais importantes características que o celebrizaram e mitificaram.
     
      O enredo inicia-se geograficamente na zona fronteiriça das duas Coreias onde James Bond (Pierce Brosnan) cumpre mais uma missão de alto risco. Mas o nosso herói é atraiçoado e acaba preso e torturado até que tempos mais tarde é alvo de uma troca com um criminoso de nacionalidade coreana preso no ocidente, logrando desse modo obter a libertação. No entanto, pese embora o historial de relevantes missões por si cumpridas, Bond acaba sendo alvo de suspeição de traição pelos seus. Assim sendo, o mais famoso espião que o mundo viu nascer e dificilmente verá morrer leva o seu universo de intriga e sofisticação a sítios tão díspares e distantes como Inglaterra, Cuba e Islândia já depois da referida Coreia e de uma distinta e singular passagem por Hong Kong. A sua tarefa é a de descobrir quem o atraiçoou e livrar o mundo de um perigoso psicopata com sonhos de domínio global através da sua acção criminosa. Pelo meio, o sedutor operacional jamais se esquecerá de amar as mulheres. Elas são uma morena e sensual Jinx (Halle Berry) e uma loura e bela europeia, Miranda (Rosamund Pike).
     
      Como se pode observar é o regresso de James Bond ao seu estilo mais clássico e cativante. Pierce Brosnan continua a afirmar-se como o mais credível Bond depois de Sean Connery sendo aqui coadjuvado por uma oscarizada Halle Berry detentora de uma presença fantástica na tela e um par de vilões que cumprem com eficácia o seu papel de feios e maus. Ainda no capítulo interpretativo destaque-se as presenças importantes de Judi Dench (no papel de M) e do Monthy Python John Cleese (como Q). Mais uma vez são explorados pormenores reveladores de uma acentuada modernidade, não só ao nível do acessório como de elementos próprios da trama como é exemplo pertinente a manipulação genética de que a narrativa se socorre e alude, onde até a canção tema do filme, interpretada por Madonna, parece fiel a esse espírito de modernidade evolutiva. Desta forma, resta apenas esperar pela peregrinação de fiéis em adoração a Bond – o filho de Fleming na Terra em secreta missão de espionagem – ao acto religioso dirigido por Lee Tamahori.

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